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sábado, 20 de outubro de 2012

Dia do Poeta

  Dia 20 de Outubro é o dia do poeta. Antes essa data era celebrada com saraus nas escolas embora os poetas que viviam solitários estivesse inspirado para escrever e não podia comparecer para comemoração.
 Hoje os sarau literários acontecem em vários lugares onde poetas e apreciadores de poesias se reúnem para aplaudir e serem aplaudidos, declamando criativas poesias para todos presentes.  

 Nesse dia do poeta, apresento o meu conto onde protagoniza o poeta Daniel:
Poeta romancista

Daniel era poeta, na verdade poeta e romancista. As vezes se sentia um fracassado quando sua família lhe reprimia dizendo para procurar outro hobby.
_ Trancado dentro de casa nas horas vagas lendo ou escrevendo, sem beber, jogar, fumar ou assistir futebol com os amigos, não é vida de homem jovem.
Todos diziam que ele era um ermitão e devia aproveitar cada segundo fora do expediente na balada. Diziam também que ele não era normal sem passar cada hora com uma mulher diferente. Debochavam dele.
_ Lá vem o romântico apaixonado! Esse cara não existe. O último ser humano que ainda abre a porta do carro para a dama, dá lhe flores deixando as mulheres lhe fazer gato e sapato.
Daniel gostava de ser assim. Quando apaixonava, apaixonava pra valer. Se entregava ao amor e ficava escravo dele. Depois de tantas desilusões amorosas permitiu que os amigos lhe influenciasse um pouco. Porém não achava muito divertido baile funk, não queria uma namorada que dançasse com toda aquela sensualidade muito menos conseguia aceitar a ideia de dividir uma mulher com outro homem.
Ainda queria casar e ter filhos com uma mulher que fosse fiel a ele e continuava escrevendo e reescrevendo. Idealizava demais a mulher, por isso não encontrava nenhuma capaz de lhe satisfazer por completo. Perfeitas mesmo só as que ele inventava. Bonitas, fieis, educadas, boa mãe, boa mulher e as vezes moderna com desempenho ao qual as mulheres de hoje tentam ter.
Tinha consciência que suas obras eram boas. Até mesmo seus amigos que o criticavam, quando lia o que ele escrevia ficavam admirados com a originalidade e criatividade e se retratavam.
_ Meu amigo, você é um cara culto. Suas histórias e seus poemas são realmente muito bons. Cara você precisa publicar isso.
Publicar, é o sonho de todos escritores, porém se você não é da mídia e ainda por cima é pobre de uma periferia, os obstáculos são ainda maiores.
Daniel tentava encontrar uma editora para publicar seus livros, mas fracassava. A família lhe deixava cada vez mais desanimado. Só levantava o astral quando apanhava uma caneta para escrever uma nova história. Tinha a literatura como essência da vida.
Ler lhe fazia pensar, trazia lembranças, lhe inspirava. Era tímido, sentia vergonha de ir a biblioteca todo dia antes do trabalho, então preferia trazer os livros para ler em casa e comprava os que considerava um pecado não ter em sua coleção.
Nada lhe dava mais prazer na vida. Mulheres, nem sempre era companhia agradável. As vezes preferia ficar sozinho lendo. E quando estava inspirado, não gostava que nenhum amigo lhe distraísse nem lhe interrompesse de nenhuma forma. As vezes fingia que não estava em casa só para escrever sossegado. E quando seus colegas queriam saber onde estava, inventava uma boa desculpa. Afinal ele era escritor, sabia lidar com as palavras e criar uma história convincente.
Gostava de comédia, usava muito o sarcasmo e drama nas tramas. Misturava todos os temperos. Assim cada livro que escrevia apesar de ser romance, eram diferentes. Em um, o personagem principal andava desesperadamente querendo se apaixonar para encontrar o sentido de sua vida. Noutro, o personagem não queria se apaixonar de maneira nenhuma para não perder sua individualidade. Havia o personagem tolo demais que já tinha o coração partido tantas vezes e resolvera fechá-lo para que ninguém entrasse e provocasse mais estragos e de repente surge o verdadeiro amor e este veste uma armadura para se proteger e acaba se rendendo ao amor que insiste alegrar tal alma.
O autor ficou depressivo, não se alimentava e por isso seu sangue começou a ter baixa imunidade. Sua família estava em guerra por causa da herança dos pais que se foram. Não aguentava a pressão do emprego novo e o stress estava lhe matando aos poucos. Sua ansiedade crônica não lhe deixava dormir, eram tantos os problemas que lhe tirava o sono. Começou beber muito café para ficar acordado no serviço e expulsar o desânimo que apoderou do seu corpo.
Sua gastrite lhe corroía o estômago, porém não havia vontade nenhuma de se alimentar. Sabia que estava se maltratando, porém como não tinha coragem de suicidar, permitia que a morte se aproximasse aos poucos.
Seu único sonho era ser imortal através da literatura. Oh! Como queria publicar um livro. A esperança de ver seu livro numa livraria lhe trazia de volta a vontade de viver. Contudo sua depreensão era maior do que gostaria que fosse. Estava vivo de fato, mas não conseguia mostrar ao mundo sua arte. Vivia sonhando com o dia em que estaria assinando um contrato com uma editora, porém esse dia não chegava.
Daniel ia assim: um dia melhor, outro pior. Até que viu numa revista, os poemas e contos de vencedores de um concurso literário. Foi até um tele centro e pesquisou a respeito.
Ele era bom, sabia disso, mas para ganhar não bastava ser bom, tinha que ser o melhor e há muitos escritores maravilhosos precisando de uma oportunidade e era os juris quem tinha o papel de determinar o vencedor.
Se inscreveu apesar das incertezas e algum tempo depois, recebeu seu primeiro prêmio como poeta. Depois disso conseguiu publicar outro livro e este foi o romance mais vendido da lista dos mais vendidos. O lançamento do livro de poesia também foi fantástico. Suas irmãs choravam de emoção.
_ Meu irmão, você merecia está aqui. Estou orgulhosa...
Logo depois de tornar público o seu talento de poeta e romancista, Daniel percebe que sua vida está terminando, escreve mais uma poesia de despedia e morre.
( Conto de Jussara Carvalho)

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