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sexta-feira, 2 de junho de 2017

Infância em Jacaraci Bahia

Ola!
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 Meu nome é Jussara Carvalho, sou neta de Clemente Fialho e Antônio Carlos, filha mais nova de Joaquim Carlos. Aprendi com meu pai a interpretar contos e o prazer em criar um enredo interessante, pois o velho foi um grande contador de histórias e meu mestre de narração. Minha mãe dizia que meu pai falava com narração como se isso fosse algo ruim.  Toda vez que desaprovava algo que eu fazia me chamava de quinquinha. Ora eu não sou o meu pai, pode dizer a vontade que filha de Quinca Quinquinha é. Ledite também dizia que se eu não obedecesse ela em tudo, ficaria igual o meu pai. Profecia autorealizadora ao qual tentei escapar.

O Quinca ficou conhecido pelos seus incríveis teatros, onde arrastava nós, a família para suas encenações e o que era incrivelmente divertindo para a platéia, para nós personagens involuntários, era muitas vezes um circo de horrores e suspense. Nunca cobrou ingressos para seus espetáculos. Esses fatos estão no livro de crônicas "O homem que virava fantasma" que escrevi alguns anos antes de seu falecimento.

 Eu Nasci em Pedrinhas, uma fazenda de gado com plantação de milho, feijão, arroz, cana de açúcar, mandioca, hortaliças, pomar... A fazenda recebeu este nome porque pessoas das outras fazendas aproximavam com seus carros de bois para apanhar e transportar as pedrinhas para construções de casas de engenho, residência simples e casarões.

Até minha adolescência, o rio que separava as terras dos meus pais, tinha água transparente e nunca havia secado o leito. Lembro-me da grande seca, período ao qual tivemos que abrir cacimbas, outros faziam açudes e poços nestezianos. Então as pessoas que anteriomente opuseram ao sistema de água encanada acreditando que isso secaria o rio, acabaram dizendo ao prefeito que mudaram de opinião e se juntaram ao mutirão para levar água da "Pedra Furada" às torneiras de nossas casas.
     
 Apesar de sofrer bullyng (que eu conhecia como sessão de espancamento antes e depois das aulas), sinto saudades das brincadeiras da minha infância.
 Na aurora da minha vida, eu e meu irmão Daniel brincávamos de pega-pega em cima do pé de manga onde pulava de um galho para outro, meu primo galego (Edvaldo) me chamava de Gaivota, personagem da novela que passava no SBT, por eu ser sonhadora e ter potencialidade de vencedora.
 Brincávamos de bete com um pedaço de ripa e a bola era uma laranja. Era muito engraçado, pois a fruta as vezes seca, se quebrava na primeira tacada e passávamos a tarde inteira jogando com outras dando tacadas sem poder correr pelas bases, já as bolas se desfaziam em migalhas. Naquela época, nós imitávamos o beisebol, Suziene e Mauneia vizinhas e colegas de escola, se juntavam ao nosso jogo, que na nossa versão era composto de quatro membros: dois lançadores-apanhadores e dois rebatedores-corredores.
 Fascinada com as cores e aspectos dos "cabelos" das espigas de milho verde, eu as usava para brincar de boneca com as meninas.
Tinha um clube secreto no meio do mato tão secreto que só existia na minha imaginação.
 Minha irmã Júlia ensinou fazer esculturas de pessoas, carros e diversos objetos com massinha, quero dizer argila e também fazer tranças com plantas aquáticas e tapeçaria com folhas de coqueiros.
Nosso escorregador era de lama e eu andava tanto descalça sobre a areia que nem sentia os espinhos perfurando os pés ou a queimadura de uma brasa. O vizinho Clemente (já adulto) teve que fazer uma operação para retirar um cravo (espinho enraizado) no pé.

 Com o divórcio dos meus pais, fui morar na cidade há 9 Km da fazenda, com minha mãe e dois irmãos. Em seguida meu pai costruiu uma pequena casa em Jacaraci e foi morar. Acredito que ele sentia muita falta da gente.

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